Clima em Chamas: Inflação dos Alimentos

Clima em Chamas: Inflação dos Alimentos

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Por José Manoel Ferreira Gonçalves
Pré-candidato a prefeito do Guarujá pelo PSol

A crise climática, cada vez mais evidente, não se limita a eventos climáticos extremos e desastres naturais. Seus tentáculos alcançam a economia global, ameaçando a estabilidade dos preços e impactando diretamente o bolso do consumidor. Um estudo alemão publicado na revista Nature revela que as mudanças climáticas podem impulsionar a inflação de alimentos em até 3,23 pontos percentuais em média por ano até 2035, com consequências para o bem-estar da população e desafios para os bancos centrais.

Aumento da temperatura, aumento da inflação

A pesquisa analisou dados de índices de preços ao consumidor de 121 países entre 1996 e 2021, buscando quantificar os impactos das condições climáticas na inflação. Os resultados demonstram que temperaturas mais altas causam aumento da inflação tanto em países de renda alta quanto baixa, com efeitos que variam de acordo com as estações e regiões.

Aumentos na temperatura média em latitudes mais altas, por exemplo, causam pressões inflacionárias para cima quando ocorrem no mês mais quente do ano, enquanto o oposto acontece em meses mais frios. Já em latitudes mais baixas, ou seja, em países mais próximos da linha do Equador, como o Brasil, o aumento da temperatura média causa pressões inflacionárias para cima durante todo o ano.

Calor extremo e inflação de alimentos

O estudo destaca que os efeitos da crise climática na inflação já são perceptíveis. O calor extremo do verão de 2022 na Europa, por exemplo, elevou a inflação de alimentos no continente em 0,43 a 0,93 ponto percentual. E não são apenas os alimentos que sofrem com a alta dos preços: a inflação de bens e serviços em geral pode crescer até 1,2 ponto percentual anualmente até 2035 devido às mudanças climáticas.

Uma resposta não linear

Os pesquisadores descobriram que a resposta à temperatura média é fortemente não linear. Isso significa que aumentos de temperatura em regiões e meses já naturalmente mais quentes causam impactos inflacionários maiores. Essa constatação é preocupante, pois indica que as regiões mais vulneráveis à crise climática também serão as mais afetadas pela inflação.

Implicações para o futuro

A pesquisa conclui que, sem uma redução significativa nas emissões de gases de efeito estufa, as pressões sobre a inflação continuarão a crescer. Isso significa que os bancos centrais precisarão considerar a mudança climática em suas previsões e políticas monetárias. Ignorar a crise climática não é mais uma opção, pois seus efeitos na economia global são inegáveis.

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Este artigo se baseou no estudo “Non-linear temperature impacts on inflation”, publicado na revista Nature.

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Metadescrição:
Este artigo analisa um estudo que revela como a crise climática pode aumentar a inflação de alimentos e de bens e serviços em geral, com impactos significativos para a economia global e desafios para os bancos centrais.

Frase foco:
Clima em chamas, inflação em alta.

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