A Líbia, um país já devastado por intervenções militares de potências globais justificadas por mentiras e impetradas por interesses inconfessos, enfrenta agora uma segunda onda de destruição, desta vez causada pelas mudanças climáticas. A ironia cruel dessa situação é que as nações responsáveis pela desestabilização política e social da Líbia são as mesmas que lideram as estatísticas de emissões de gases de efeito estufa. Essas potências, ao invadirem e desestabilizarem a Líbia, não apenas causaram estragos imediatos, mas também deixaram o país vulnerável a uma crise que eles mesmos estão exacerbando.
Enquanto a Líbia luta para se reconstruir em meio a um cenário político volátil, que ameaça esfacelá-la em várias partes, ela também deve enfrentar os impactos devastadores de eventos climáticos extremos, como secas e tempestades, sendo que recentemente estas últimas mataram dezenas de milhares de pessoas. O saldo de mortes, já elevado devido aos conflitos armados, continua a crescer por conta desses fenômenos naturais intensificados.
O que torna essa situação ainda mais indignante é a relutância dessas nações industrializadas em se comprometer com acordos internacionais de redução de emissões. Assim, a Líbia torna-se duas vezes vítima: primeiro, pela destruição direta causada por invasões e conflitos; e segundo, pelo aquecimento global, uma crise à qual contribuiu apenas minimamente, mas da qual sofre desproporcionalmente.
Essa é uma clara manifestação de como a crise climática é também uma crise de justiça global e social. As nações que mais contribuem para o problema são frequentemente as que menos sofrem suas consequências imediatas, enquanto países como a Líbia, que têm contribuição mínima para as mudanças climáticas, pagam o preço mais alto. É imperativo que essa injustiça seja reconhecida, para que medidas concretas sejam tomadas. Alô ONU.
José Manoel Ferreira Gonçalves
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