*Triste Crônica, por José Manoel Ferreira Gonçalves

Em meio às ondas e ao sol convidativos da Praia das Astúrias, no Guarujá, uma série de desventuras tingiu de melancolia a paisagem litorânea e o meu espírito. Este relato não só apanha um incidente isolado de infortúnio, mas também ilumina as sombras da negligência e da insegurança que pairam sobre um destino tão buscado do litoral paulista.

Desespero Mecânico: “Fazer o quê?…”

O dia, que prometia descanso e lazer, tomou um rumo inesperado quando um veículo de bombeiro enfrentou falhas mecânicas sérias. Testemunhas no local, incluindo turistas e residentes, não se furtaram ao encargo de empurrar o pesado veículo na tentativa desesperada de reanimá-lo. A cena, por si só patética, evidenciava um problema maior: a falta de manutenção e recursos adequados para equipamentos essenciais à segurança pública. Se nem os responsáveis por nossa segurança têm ferramentas de trabalho funcionais, o que resta ao cidadão, um bicho da terra tão pequeno?

Violência Ensombra o Paraíso

Enquanto alguns lutavam contra a inércia do caminhão de bombeiros, um crime cru ocorria a poucos metros de distância. Um turista, cuja única culpa era desfrutar da beleza das Astúrias, tornou-se vítima de um furto dolorido. Um jovem, agindo em grupo, arrancou-lhe a corrente do pescoço, uma corrente de ouro sim, mas de valor sentimental inestimável, um presente recebido de seu falecido pai há cerca de 50 anos. Ador do vergão no pescoço produzido na ação de arrancar a corrente era nada perto da dor na alma de ter perdido pra sempre algo que lhe era tão caro.

Resignado. o turista expressou seu desalento com um “É a vida, fazer o quê?…”. Uma aceitação dolorosa da realidade do descaso. Essa resignação, contudo, não pode ser uma sentença à qual tenhamos de nos condenar permanentemente.

O Clamor por Mudanças

O incidente na Praia das Astúrias é um espelho das falhas estruturais e da negligência que afetam muitas áreas turísticas no Brasil. A população local e os visitantes clamam por mudanças significativas que garantam não apenas o retorno da ordem, mas também a preservação da dignidade humana. Dado que o turismo é um dos pilares da economia local, é imperativo que tanto o governo municipal quanto o estadual intensifiquem seus esforços para restaurar a confiança na segurança e infraestrutura do Guarujá. E isso exige muito mais que o simples policiamento.

É fundamental que haja um movimento coletivo exigindo ações concretas das autoridades. Seja como for, não podemos permitir que o lema “Fazer o que?…” defina nossa experiência e expectativa de vida.

Este triste episódio na Praia das Astúrias pede ação. Não podemos aceitar a complacência como resposta às adversidades. Nem a população local nem os turistas devem se acostumar com a insegurança e o descaso. A resposta para “Fazer o que?…” deve ser “Mudar o que for necessário!”. Por esse motivo, é hora de todos nós, como comunidade, exigirmos e trabalharmos por uma realidade onde tais desventuras sejam apenas memórias de um passado superado.

Como cidadão do Guarujá, pedi sentidas desculpas ao turista, e não foi um pedido retórico não, a responsabilidade é coletiva. Os tristes fatos só se dão por negligenciarmos a devida cobrança de quem tem a responsabilidade de agir.

*José Manoel Ferreira Gonçalves é jornalista, cientista político, engenheiro, escritor e advogado. Pré-candidado a Prefeito de Guarujá pelo PSOL. É presidente da Associação Guarujá Viva, AGUAVIVA, e da Frente Nacional pela Volta das Ferrovias, Ferrofrente. Idealizador do Portal SOS PLANETA.

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Este artigo foi baseado em observações pessoais.

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Frase de Foco: Fazer o que?…